terça-feira, 31 de agosto de 2010

Swing: Muito Além do Sexo
(
Boletim do Instituto de Psicologia da UFRJ)

Considerando-se as transformações sócio-culturais inerentes à contemporaneidade, há um grande debate sobre uma possível crise da família e do casamento na sociedade brasileira. Está ocorrendo uma multiplicidade e flexibilização dos atuais arranjos conjugais. O modelo hegemônico tradicional monogâmico permanece, enquanto outros tipos de relacionamento conjugal sentem-se desviantes.

Dentre as várias práticas não convencionais em termos de sexo, resgatamos em nosso estudo o swing, por acreditar que ilustra parte das transgressões aos modelos mantidos pela sociedade. A prática do swing consiste na troca de parceiros entre dois ou mais casais em uma relação sexual.

Acredita-se que as relações extra maritais derivam da necessidade de variação sexual, busca de novas satisfações emocionais; reflexo de maus casamentos - e até mesmo de retaliação. Alguns autores apontam outros fatores como o envelhecimento, a imaturidade, alcoolismo, surgimento de oportunidades, etc. Como solução encontrada para a questão a monotonia e do desejo de variedade sexual, muitos casais estão se tornando adeptos à prática do swing.

O objetivo deste trabalho foi verificar se o swing seria uma nova possibilidade de relacionamento afetivo-sexual, um novo arranjo para os relacionamentos a dois. A metodologia baseou-se na utilização de material obtido em artigos, livros, filmes e sites. A partir do material coletado construiu-se um questionário misto com 26 perguntas abertas e de múltipla escolha. O questionário foi disponibilizado na lista de e-mails dos freqüentadores de duas Casas de Swing na cidade do Rio de
Janeiro.

Foram respondidos 51 questionários de casais que se declararam adeptos da prática do Swing. Destes, 22 foram respondidos por mulheres e 29 por homens. Verificou-se também que alguns casais responderam juntos ao questionário, notando-se a prevalência de respostas masculinas. A faixa etária variou de 25 à 45 anos, com uma prevalência de adeptos compreendidos na faixa de 30 à 40 anos (33 questionários respondidos).

Observou-se que os freqüentadores das Casas de Swing pertencem às classes A e B. Dos 51 indivíduos que responderam ao questionário, 39 declararam possuir ensino superior completo, as profissões variavam de auditor fiscal tributário a comerciante, executivos e secretárias de grandes empresas. Foram realizadas duas entrevistas semi-estruturadas: uma com um Promoter de uma Casa de Swing no Centro da Cidade do Rio de Janeiro e outra com um sócio de uma Boate para a
prática de Swing na zona sul do Rio de Janeiro.

Os resultados da pesquisa mostraram que a busca da prática do swing vem realmente aumentando, mas isto não significa que o swing seja uma tendência para uma modalidade de relacionamento afetivo-sexual. O que se observa é um novo arranjo para os relacionamentos a dois, onde a monogamia perde espaço para uma nova forma de encarar o sexo. Com a manutenção de certos comportamentos tradicionais e conservadores, o swing ainda não admite a bissexualidade masculina, não permite a infidelidade e mantém a iniciativa masculina na relação.

Pode-se concluir que na relação onde o sexo é compartilhado com outras pessoas, a afetividade permaneceu monogâmica.

Autores: Alexander Motta de Lima Ruas, Leonardo Duarte de Almeida de Azeredo, Luciana Macedo Matos, Marcio Virgilio da Costa, Suel de Almeida Duarte, Nilma Figueiredo de Almeida,
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professor Orientador-Departamento de Psicometria/Instituto de Psicologia-UFRJ Congresso: 60ª Reunião Anual da Socidade Brasileira para o Progresso da Ciência,a se realizar nos dias 13 a 18 de Julho de 2008 na Universidade Estadual de Campinas(UNICAMP),em Campinas- São Paulo. Email:swing.sexo@gmail.com

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